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Pacarrete

  • Foto do escritor: Yasmin Gomes
    Yasmin Gomes
  • 29 de jun. de 2020
  • 2 min de leitura

Há uma semana, pude assistir Pacarrete em umas das sessões da Mostra Internacional de cinema. A sala estava cheia. Achei que nem fosse conseguir assistir. Três dias antes, eu havia me encontrado com Marcélia. Um encontro casual, ela estava na frente do hotel e eu também. Fui chegando perto, me apresentei e começamos a conversar. Para quem não sabe, Marcélia Cartaxo é de Cajazeiras, que é ali pertinho de onde eu morava no Ceará. Eu já a admirava por outros trabalhos como A hora de estrela e Madame Satã. Ainda não tinha assistido Pacarrete. Eu disse o quanto ficava feliz em ver que as produções estão se regionalizando e que o Nordeste está fazendo o melhor cinema desse país. Quando saí do Ceará, não via isso e me emociono quando vejo que hoje existe e está sendo reconhecido, aqui e pelo mundo afora. Conversamos também sobre sotaques, compartilhei algumas angústias da profissão, que é tão linda e tão difícil. Prometi que assistiria Pacarrete na segunda-feira.

Fui. Allan, diretor do filme, cearence (❤️) estava lá. Já havíamos trocado algumas poucas palavras antes.

Nessa sessão, além do áudio do filme, teve os meus fungadinhos de choro, porque foi isso: chorei do início ao fim. No início, por me emocionar em ver uma produção tão bonita e delicada, por me trazer lembranças da infância ,por me teletransportar para o interior do Ceará. Cada detalhe estava lá: na casa, nas personagens, na festa do município (que fazia minha avó sair de casa, tamanha era a zuada). Do meio para o final, esse choro foi ficando mais intenso, a ponto de não conseguir controlá-lo. Isso porque o filme foi e me levou para para um lugar que eu não esperava. Sou atriz e professora. Paracarrete era bailarina e professora. E por coincidência (ou não), antes de assistir o filme, li isso em um livro que estou lendo, A elegancia do ouriço, "não devemos esquecer que esses velhos foram jovens, que o tempo de uma vida é irrisório, que um dia temos vinte anos e, no dia seguinte, oitenta... Uma vida se passa num tempinho à toa...".

Calhou.

Acho que não consegui dizer tudo isso ao Allan. Embora tenha tentado, a voz começou a falhar, ainda estava mexida demais ao sair da sala.

Escrevo esse texto, porque desde semana passada tenho vontade de por isso pra fora, vontade de produzir mais coisas... é provavelmente o efeito Pacarrete dentro de mim.

Logo mais estreia nos cinemas! Viva o cinema nacional, especialmente o do nordeste. É bonito e é resistencia diante de tempos tão difíceis .


 
 
 

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